Pelotas herdou a tradição doceira de Portugal. Das cozinhas dos conventos surgiram os ovos moles que deram origem a tantos outros doces e que, até hoje, estão presentes nos mais variados doces que aqui se produz. Em aveiro, região de origem dos ovos moles, eles podem ser encontrados em barriquinhas de madeira decoradas ou revestidas de hóstia, imitando formas marinhas. De outras regiões de Portugal ainda temos o pão-de-ló de Ovar, da Murtosa ou de Serradelo, os pastéis de Águeda, os beijinhos de Sever, as barquinhas do Vouga e o arroz doce de Ilhavo, entre outros.
E aqui chegando os imigrantes, portugueses tinham em sua bagagem diversas receitas trazidas de sua região de origem. Sendo escassa a produção de açúcar no Rio Grande do Sul, fazia-se necessário a importação dos Estados do rio de janeiro, Bahia, Pernambuco, Santa Catarina e São Paulo.
Chegando pelo porto de Rio Grande, a maior parte do carregamento vinha para Pelotas. Naquela época (século XIX) já havia grande produção de frutas como a laranja, o pêssego, o marmelo e a bergamota, passando as compotas a fazer parte das mesas das famílias portuguesas aqui residentes. As poucos foram introduzidos os doces cristalizados, as passas e os doces em massa, feitos em tachos por pretas velhas e vendidos nas ruas.
Com o crescimento econômico (1870), as festas, frequentes em Pelotas ganharam o requinte dos doces típicos portugueses, como camafeus, bem-casados, fios de ovos, fatias de Braga, ninhos e pastéis de Santa Clara, levando os convidados ao deleite.
Logo, este prestígio foi rompendo fronteiras e os doces levados para fora do Município e do estado nas festas mais importantes do centro do país. Parte dessa história sobrevive graças à dedicação de doceiras que se mantém fiéis ás receitas dos antepassados portugueses.
Fonte: Jornal da Noite de Pelotas- Ano III.
Nenhum comentário:
Postar um comentário